terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A História se repete.

"A História se repete, mas não como tragédia e sim como farsa"
Karl Marx


"(...)A idéia de criação de um Conselho Sul-Americano de Defesa possivelmente partiu de impulsos visando à adoção no continente de estruturas de seguranças pós-Guerra Fria, à margem dos Estados Unidos e, portanto, da Organização dos Estados Americanos(OEA). Seria o encerramento de longa temporada de serviços prestados sobretudo ao que os americanos consideravam essencial à sua segurança nacional. Leia-se "contenção do comunismo". O golpe militar de 1954 na Guatemala, foi abonado pela CIA, conforme admitiu em suas memórias D Eisenhower, sob o argumento de que Moscou se instalava no país centro-americano.

Esse primeiro grande trauma latino-americano com raízes na Guerra Fria contraria, se necessário, com a cobertura legal do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca(TIAR), assinado no Rio de Janeiro em 1947 e ainda vigente. Na esteira de contorcionismos exercitados como justificativas de "operações sujas" que tiveram seu auge na década de 1970, os americanos poderiam defender-se da "ameaça do comunismo" invocando o direito de "defesa coletiva" inscrito no TIAR. O "ataque" a um - no caso, a Guatemala - seria um ataque a todos, abrindo caminho ao uso do direito de "legítima defesa", individual ou coletiva.
(...)

Sobrevivem mais dois componentes da estrutura de segurança que a América Latina herdou da Guerra Fria. A Junta Interamericana de Defesa e a Escola das Américas. A Junta foi, afinal, transformada em unidade da OEA. Ficou, portanto, sobre controle civil. A idéia de criação de um Conselho Sul-Americano de Defesa se contrapõe aos que querem "descongelá-la", com o anti-terrorismo substituido o anticomunismo.

Com a devolução do Canal do Panamá, em 1999, a Escola das Américas, centro de formação de militares e tida como escola de ditadores, deslocou-se para Forte Benning, em território americano, e mudou de nome. É, agora, o Instituto Western do Hemisfério para a Cooperação de Segurança. Tentativa de livrar-se da marca maldita. Mas continua treinando militares latino-americanos em técnicas de contra-insurgência, o que no passado representou torturas e golpes. Pinochet estudou nela. Sai comunismo, entra terrorismo. Quanto a TIAR, apagou-se na prática com a Guerra das Malvinas, em 1982. Os Estados Unidos ficaram com a Grã-Bretanha, contra um país do continente, a Argentina. E o Tiar?, perguntavam os argentinos. Só valia contra Moscou, que depois deixou de ser ameaça.(...)"

Newton Carlos. Revista Mundo, Setembro 2008.


Será que vamos continuar a participar de guerras que não são nossas? Guerra global contra o terrorismo? Por favor, não me inclua nessa batalha. Já passa da hora de levantarmos bandeiras nossas e pararmos de importá-las. Por mim apoiamos o Eixo do Mal na sua Marcha contra o Império. Qualquer luta contra o opressor é válida. Portanto, subvertei-vos!

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