sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Conversas com o travesseiro

"... Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver". Amir Klink

Emociona-me tais palavras. É com a humildade de eternos aprendizes que poderemos chegar a algum conhecimento, incerto. Se busco novos horizontes e caminhos inexplorados, é porque acredito que podemos ser diferentes. Nos impomos limites muitas vezes desnecessários. Você não acredita em voce? Não acredita no seu potencial? Tenho medo. E se eu me perder? E se eu não achar o caminho de volta? O risco é demais para se arriscar. Prefiro ficar aqui. Sentado. Empurrado com a vida que não pede licença. Tão cedo pra desistir. Destino traçado. Fim previsto, inevitável e... comum. Estamos fadados ao que nos convencermos que estamos. Estou fadado a loucura do final do que não fui. E o que fui? Já não mais meu, segue seu próprio destino, destinado por mim, eterno autor de meus passos em falso e pegadas em asfalto.

O que eu tenho feito de novo? Minha segurança me trava, me barra, me prende ao solo, fértil, mas da monocultura eterna da certeza do amanha. Não tenho ambições, um homem deve-se fixar na terra que lhe fora destinada. Sou do tamanho que quero! Sou a criatura do que vejo... O que vejo? Apto, me adapto, me mudo, me conformo. Jamais me conformo! Depois me sinto. Segurança vem de falhas, Vem de erros. Vem de acertos cegos, na noite impenetrável do não sei. Ser pioneiro, vanguarda, mas pra que tudo isso? Sempre vai haver um para colocar-se em risco primeiro. Sou fruto, resultado, eterno seguidor de pastores, que querem meu bem, ou o próprio bem. Só não ouso tentar. Só não ouso. Calma. Leve. Certo. Deixo-me ficar, porque amanha segue a toada, do eterno reterno ao nada eterno, terreno, imenso de possibilidades não aproveitadas. Me provo? Aprovo! Sou a criatura do que sinto. Não sinto? Relaxo, deixo entrar, qualquer que seja o sentimento. Tudo é barreira. Nunca relaxo, me sinto é nú em frente a multidão. Não ouso relaxar. Não ousar sentir, é não ousar tentar que é não ousar viver, com o próprio pé. Viva com a cabeça, caia de cabeça. Que se apresente agora o primeiro sentimental, sensitívo, sensível! Todos vestem máscaras confortáveis. Sentindo o que te mandaram sentir, não se sente, se consente. Sou sensível, tenho medo de altura, de amor, do escuro da solidão sentida. Balela. Medo é privação, medo não se sente, medo te consome. Sinta sua solidão se és sensível. Hipócrita.

Palavras vãs. Profundamente insignificantes. Só porque me deixei levar.... e deixo

Assistir: LavourArcaica - Luiz Fernando Carvalho

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