domingo, 18 de janeiro de 2009

Tirando as diferenças, somos todos iguais.

A distância que nos separa, gera a força que nos une. Nossos universos não comungam, não se tocam. Intercambiam informações, sensações, sentimentos e momentos, porém sem haver o contato de uma essência com a outra. Solidão. Será que nunca chegarei a tocar em alguém? Nunca serei tocado? O dia que puder, me unirei a algum ou alguem ou algo. Mas aposto que vou sentir falta do meu eu. Eu incógnita, eu passageiro, eu sozinho, eu universo...

O preço de uma consciência menos simplista são algumas compreensões radicalmente desilusívas para uma mente romântica e infantilmente superficial, que costumamos ter até certa idade ou para sempre como individuos comumente iguais. Ao destruir alguns mitos, pararmos de aceitar verdades prontas e pensarmos por nossas próprias cabeças, auxiliados por diferente visões da realidade incompreensível, caimos em uma vala de solidão. Incomunicáveis. Impenetráveis somos. Já que no fundo, no que interessa, seremos sempre isolados. O que é importante é o que importa. Simples mas difícil de se entender. Momentos de plenitude são raros, mas únicos. Busco-os e acho-os. Encontro meus semelhante pela estrada, deixo meus companheiros no caminho e abraço o futuro que me abraça sem pretensões e cheio de ilusões, me enganando quando se materializa, se destruindo ao mesmo tempo. Minha juventude plena, planejada e planejante segue firme, pisando sozinha, incerta e sem saber do que será. Vivo o hoje, esqueço do passado e só penso é no futuro. Tudo errado? Veremos...

"Nada existe; mesmo se o ser existisse, então seria incognoscível; e se fosse cognoscível, então este conhecimento do ser seria incomunicável a outrem."
Górgias de Leontini

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Reflexões acumuladas

Vídeo genial. Parte do filme Waking Life
http://www.youtube.com/watch?v=80NP4zUnwWE&feature=related

Tentar entender o que eu busco em cada ação. Comprender "aonde leva essa loucura, qual é a lógica do sistema?". Colocar um pingo de razão no que faço e no que fazem. Trabalho duro.

Se atravesso o dia em meio a propagandas, que só exploram nossa irracionalidade... se odiamos estudar, pesquisar, conhecer... se nossas buscas são, antes de mais nada, voltadas para a supressão de carências e hedonismos efêmeros, o que vamos enxergar que não seja incompreensível?

As vezes colocam(ou colocamos) uma barreira, uma distância imensa entre nós, humanos mortais, e os grandes homens, os santos, os gênios. É uma forma de dizer:" Isso não é pra voce! Voce é limitado e não conseguirá chegar a nenhum lugar onde outros já não tenham chegado". Nos aconchegamos no conforto estagnante da inferioridade auto-inflingida, auto-determinada. A mediocridade é interessante. Interessante pra quem quer te ver lá em baixo. Em baixo não, na média, mas com a ilusão de que está em cima, porque tem a melhor roupa, o melhor carro, a melhor imagem. Imagem? Superioridade?

Não sei dizer se existem gênios, nunca vi um. Pra mim o que conta no mundo real é trabalho duro. Tudo que eu já conquistei - que ainda é muito pouco - foi fruto da coragem de enfrentar desafios e de perseverança. Mas não uma perseverança burra, ela vinha acompanhada de método e auto-crítica. Nunca vi alguem bem sucedido em suas metas ser preguiçoso no que faz. Mais que depender de uma habilidade nata, agente tem é que tentar, ousar ser diferente, sair do nosso cubo-mundo pra poder ser alguma coisa autêntica, que valha a pena. Para sermos grandes. Não grandes pros outros, mas pra nós mesmos, já que ninguem nunca vai valorizar nosso trabalho como deveria. E é bom que seja assim. Busquemos a auto-suficiência. É inalcançável, mas a busca nos fortalecerá.

Agente é acostumado a enxergar um Deus superior, inatingível, perfeito, com um abismo entre nós e ele. Disso passamos a criar heróis, também perfeitos, inatingíveis e sem defeitos. Com essa lógica, o indivíduo anônimo e não idealizado, apenas faz parte de uma massa, manobrável e obediente, que só busca o que lhe mandaram buscar. Nosso maior problema com certeza são nossas ambições. Queremos ser grandeosos? Não queremos! Gastamos noites, dias, semanas e até vidas inteiras preocupados com nossa aceitação pelos outros, seja exibindo o melhor óculos, a roupa da marca, ficando com qualquer um, ostentando a melhor condição financeira ou de outras mil formas que consigam suprir nossa carência de uma posição e status no nosso ambiente.

Sinto uma paixão inexplicável em tentar desvendar de onde vêm as minhas motivações. Pensando nisso, cheguei à inevitável questão: O ser humano tem em si um desejo inerente de querer ser um igual? Se isso não é natural em nós, como se explica essa propensão a desejarmos ser aceitos em grupos, em religiões, em torcidas de futebol, em classes sociais... em definições?

No final são mais perguntas que respostas. Mas vai ser sempre assim e é bom que seja. Só vou me convencendo cada vez mais que da pra ser diferente. Eu consigo e você consegue. Nós conseguimos o que quisermos, se tentarmos e sonharmos. Mudança. Tem jeito sim!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Ser ou estar?

Durante nossa vida nos reinventamos e reinventamos nosso passado. Cada retrospectiva sobre o que passou, é feita sobre a ótica do presente e é selecionado como importante apenas o que hoje nos parece importante ou significativo. Porém só conseguimos recordar coisas que, na ocasião em que ocorreram, decidimos guardar para o futuro, inconscientemente.

Nesse constante reinvento, não há espaço para a pretendida constância da personalidade, nem para a verdade absoluta, nem pessoal. Não existe um EU constante. Quando olho pra uma antiga foto minha, invento toda uma história, com um mínimo de coerência, para me ligar àquela imagem e poder dizer que este ERA eu. Mas não pode ser. O que ESTOU SENDO é uma coisa completamente diferente do que eu ESTAVA SENDO no dia da foto. Talvez o corpo seja o mesmo, mas a mente, as experiências, os pensamentos, são completamente diferentes. O elo é fictício, psicológico, não material e real, já que o corpo também se renova e se recicla a cada dia.

Dessa forma, nós não gostamos de algo, apenas estamos gostando e aprendemos a acreditar que gostamos sempre. Nós não temos vocação para algo, nós acostumamos a nos enxergar assim e acreditamos piamente que os aspectos que falhamos e sucedemos são características a nós inerentes. Inventamos nossa personalidade a partir de atitudes que tomamos inconscientemente, e a tomamos como real e imutável. Assim definimos nossas aptidões e principalmente nossas fraquezas, que deveriam ser diariamente revistas, já que são em seu âmago irreais, a não ser em nossa mente, que as criou.

Portanto, revejo meus problemas e "defeitos" sempre, pois não há nada de constante no que fui agora e no que serei agora mesmo. Não existe nada que não possa ser mudado em mim. O que é externo a nós, pode não ser passível de mudança, mas o que é seu, é problema seu. Apenas tomo cuidado para não julgar exterior o que é na verdade interior. O mundo se apresenta da maneira como decidimos enxergá-lo, lembremos-nos disso e sejamos o que quisermos ser. Sempre melhorando o que não nos agrada e redefinindo nossos passos passados e futuros caminhos, através do presente.

"Sou minha vez vezes mais,
vezes me creio em minha voz a me dizer:
'seja perfeito em quanto der'!
Sou a cara de alguem lupado em mim."
GRAM

Trecho do filme Waking Life
http://www.youtube.com/watch?v=OtYmXFaGgTM