quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Ser ou estar?

Durante nossa vida nos reinventamos e reinventamos nosso passado. Cada retrospectiva sobre o que passou, é feita sobre a ótica do presente e é selecionado como importante apenas o que hoje nos parece importante ou significativo. Porém só conseguimos recordar coisas que, na ocasião em que ocorreram, decidimos guardar para o futuro, inconscientemente.

Nesse constante reinvento, não há espaço para a pretendida constância da personalidade, nem para a verdade absoluta, nem pessoal. Não existe um EU constante. Quando olho pra uma antiga foto minha, invento toda uma história, com um mínimo de coerência, para me ligar àquela imagem e poder dizer que este ERA eu. Mas não pode ser. O que ESTOU SENDO é uma coisa completamente diferente do que eu ESTAVA SENDO no dia da foto. Talvez o corpo seja o mesmo, mas a mente, as experiências, os pensamentos, são completamente diferentes. O elo é fictício, psicológico, não material e real, já que o corpo também se renova e se recicla a cada dia.

Dessa forma, nós não gostamos de algo, apenas estamos gostando e aprendemos a acreditar que gostamos sempre. Nós não temos vocação para algo, nós acostumamos a nos enxergar assim e acreditamos piamente que os aspectos que falhamos e sucedemos são características a nós inerentes. Inventamos nossa personalidade a partir de atitudes que tomamos inconscientemente, e a tomamos como real e imutável. Assim definimos nossas aptidões e principalmente nossas fraquezas, que deveriam ser diariamente revistas, já que são em seu âmago irreais, a não ser em nossa mente, que as criou.

Portanto, revejo meus problemas e "defeitos" sempre, pois não há nada de constante no que fui agora e no que serei agora mesmo. Não existe nada que não possa ser mudado em mim. O que é externo a nós, pode não ser passível de mudança, mas o que é seu, é problema seu. Apenas tomo cuidado para não julgar exterior o que é na verdade interior. O mundo se apresenta da maneira como decidimos enxergá-lo, lembremos-nos disso e sejamos o que quisermos ser. Sempre melhorando o que não nos agrada e redefinindo nossos passos passados e futuros caminhos, através do presente.

"Sou minha vez vezes mais,
vezes me creio em minha voz a me dizer:
'seja perfeito em quanto der'!
Sou a cara de alguem lupado em mim."
GRAM

Trecho do filme Waking Life
http://www.youtube.com/watch?v=OtYmXFaGgTM

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

eu estive pensando em algo do tipo a semana inteira. hauha